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5 dicas de especialistas para criar meninos emocionalmente inteligentes

Published 11 hours ago5 minute read

Os pais que assistiram à série Adolescência, da Netflix, ficaram aterrorizados com a história de Jamie Miller, um garoto de 13 anos acusado de assassinar uma colega na escola. A produção escancarou o poder das mídias sociais para disseminar discurso de ódio e misóginos, levando, em alguns casos, que jovens tomem atitudes extremas. “O que fazer se um menino está tendo um comportamento agressivo?”. Para os especialistas, um dos caminhos é ensiná-lo a ter para lidar com as suas próprias emoções, especialmente frustração, rejeição e insegurança.

Acolher o sentimento dos filhos é muito importante para desenvolver a inteligência emocional — Foto: Freepik
Acolher o sentimento dos filhos é muito importante para desenvolver a inteligência emocional — Foto: Freepik

“O ambiente digital, que favorece o anonimato e a validação de discursos extremistas, agrava esse cenário. A ausência de empatia, o isolamento, a baixa autoestima e a influência de comunidades tóxicas online também contribuem”, explica Juliana Barbato, psicóloga, especialista em desenvolvimento infantil. Segundo ela, trabalhar a inteligência emocional desde cedo é uma das melhores formas de prevenir esse tipo de comportamento na adolescência e vida adulta.

Um jovem emocionalmente inteligente consegue se expressar adequadamente e lidar com as emoções sem se se organizar. Ele aprenderá a reconhecer quando está com raiva, triste ou frustrado e, gradualmente, vai descobrindo como reagir a esses sentimentos sem machucar a si mesmo ou os outros.

Segundo a pediatra Loretta Campos, os garotos tendem a expressar suas emoções de formas diferentes das meninas. “Desde pequenos, os meninos costumam ser mais cobrados a se mostrar fortes e seguros, enquanto as meninas recebem mais liberdade para demonstrar tristeza ou medo. Isso acaba criando uma diferença no jeito de expressar as emoções, mas não é uma questão biológica — é cultural e pode (e deve) ser desconstruída”, pontua a médica.

Cecilia Gama, pediatra e neonatologista da Clínica Mantelli, reforça que ser emocionalmente inteligente não significa “nunca chorar” ou estar no “controle o tempo todo”. “Pelo contrário. A inteligência emocional está muito mais relacionada à capacidade de nomear os sentimentos, entender de onde eles vêm e buscar formas saudáveis de enfrentamento, com o apoio dos adultos”, a especialista destaca.

O primeiro passo para estimular a inteligência emocional entre os meninos é romper com o modelo de masculinidade que incentiva a repressão das emoções. Confira algumas dicas:

“Homem não chora”, “Aguenta firme”… Os meninos costumam ouvir muito esse tipo de frase, prejudicando a sua forma de lidar com os seus sentimentos. A boa notícia é que isso pode ser contornado, especialmente quando se há um esforço para nomear as emoções.

Uma forma eficaz de ajudar os meninos a lidar com os seus sentimentos é oferecer um vocabulário emocional desde a primeira infância.

✅ Em momentos cotidianos, utiliza frases como:

❌ No entanto, evite frases que bloqueiam o processo emocional e ensinam vergonha em vez de expressão:

“Ao não saber dizer o que sentem, os meninos podem acabar expressando emoções por meio de comportamentos desorganizados, impulsividade ou até agressividade — que, muitas vezes, são sinais de frustração, medo ou tristeza não nomeados”, alerta a pediatra Cecilia Gama. O — livros infantis, jogos de carinhas com emoções, rodas de conversa, desenhos e músicas — é outra estratégia criativa para ajudar os meninos a reconhecerem e expressarem sentimentos com leveza.

Quando estão frustrados ou com ciúmes, os meninos tendem a agir com agressividade. Gritam, jogam brinquedos no chão, batem a porta (no caso de adolescentes). Você já deve ter visto cena em casa. Lidar com esse tipo de situação não é fácil, mas é possível.

o primeiro passo é desassociar a rejeição da ideia de fracasso pessoal. Ensine que cada pessoa tem suas preferências, e isso não diminui o valor de ninguém. Autoconfiança nasce do autorrespeito, não da validação externa.

desde cedo, os meninos precisam entender que gostar de alguém não significa que esse alguém tem que retribuir. Sentimentos não são obrigatórios — e o “não” do outro deve ser respeitado como algo legítimo.

quando o irmão não quer brincar, ou um amigo prefere outra companhia, aproveite para reforçar: “Ele tem o direito de não querer agora, e a gente precisa respeitar”. Esse treino diário prepara o menino para relações mais maduras.

nada justifica insistência, chantagem, birra ou raiva diante de uma recusa. Um “não” precisa ser compreendido como um limite — e limite é cuidado.

use situações cotidianas para ensinar que o outro também sente, escolhe e tem direito de decidir. Isso ajuda a construir meninos que respeitam fronteiras — emocionais e físicas.

: Ele pode chorar, ficar triste, desabafar — e tudo isso deve ser escutado com carinho. Mas nunca como justificativa para desrespeitar o outro.

Quando os meninos não são ensinados a aprender a reconhecer, nomear e expressar suas emoções de forma saudável, há um risco maior de desenvolver dificuldades emocionais na vida adulta.

Alguns impactos possíveis são:

emoções reprimidas, especialmente a raiva e a frustração, tendem a se manifestar em forma de explosões ou comportamentos agressivos — como se fosse a única linguagem emocional permitida.

a falta de autoconhecimento emocional pode gerar distanciamento, dificuldade em se abrir ou confiar, e relações marcadas por insegurança ou rigidez emocional.

ansiedade, depressão, uso de substâncias e até ideação suicida são mais comuns entre homens que cresceram sem espaço para expressar sua dor emocional. Muitos adoecem em silêncio, sem conseguir pedir ajuda.

A criança que não aprendeu a lidar com o “não”, com os erros ou com o desconforto pode se tornar um adulto com baixa tolerância à frustração, comprometendo sua autonomia e bem-estar.

O menino que aprende que precisa “aguentar tudo sozinho” ou “nunca demonstrar fraqueza” pode, sem perceber, perpetuar modelos de controle, dureza e afastamento emocional — tanto nas relações familiares quanto sociais.

Segundo pediatra Cecilia Gama, felizmente, o cérebro infantil é plástico e a inteligência emocional pode ser desenvolvida em qualquer fase da infância — desde que haja vínculo, escuta e ambiente seguro. “Ensinar um menino a lidar com suas emoções não o enfraquece. Pelo contrário: o fortalece de dentro para fora. E forma um adulto mais consciente, empático e capaz de construir relações verdadeiramente humanas”, ela finaliza.

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