Menino de 10 anos morre quatro horas depois dos primeiros sintomas de meningite
O menino Nenad, de 10 anos, morreu em poucas horas depois de apresentar os primeiros sinais de uma infecção meningocócica — uma das formas mais graves e agressivas da meningite bacteriana.
Na noite entre os dias 21 e 22 de abril deste ano, a sérvia Tanja Vasković, mãe de Nenad, contou ao canal estrangeiro N1 que tudo começou como tantas outras noites de febre. O menino sentiu-se mal, com sintomas parecidos aos de um vírus comum, e Tanja decidiu medicá-lo em casa com antitérmicos, como sempre fazia em situações parecidas.
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No entanto, em poucas horas, o quadro piorou drasticamente. O que parecia uma febre passageira se tornou uma corrida contra o tempo — uma batalha que a família não conseguiu vencer.
Durante uma chamada de vídeo com o filho, a mulher percebeu que os dedos e o rosto de Nenad começaram a apresentar outra coloração. "Saí imediatamente do trabalho e o levei ao Centro de Saúde, onde nos encaminharam com urgência para a Clínica Infantil da Universidade em Tiršova", disse Tanja.
Segundo ela, o garotinho deu entrada no hospital andando e, apenas duas horas depois, ela o encontrou inconsciente, conectado a "todos os aparelhos possíveis". Então o médico lhe disse: "Mãe, eu falei que te contaria imediatamente qual era a situação, mas acredite, desde o momento em que entrei na UTI, cada minuto foi uma luta pela vida."
Ela acrescentou que os médicos lhe disseram que era uma infecção meningocócica que se transferiu para o cérebro e causou sepse.
"Disseram-me que a taxa de mortalidade em caso de infecção meningocócica é extremamente alta. Não me culpo, porque os sintomas são difíceis de reconhecer na fase inicial e, quando ocorrem alterações na pele, a doença já está em estágio avançado e crítico", enfatizou.
Infecção bacteriana aguda causada pela Neisseria meningitidis, a infecção meningocócica, também chamada de doença meningocócica, é uma das formas mais graves da meningite bacteriana e pode levar à morte em menos de 24 horas.
Embora rara, ela é transmitida por gotículas e pode causar doenças graves, como meningite (inflamação das membranas cerebrais) e sepse (envenenamento do sangue), progredindo extremamente rápido e podendo levar à morte em poucas horas.
Os primeiros sintomas muitas vezes se assemelham aos de uma infecção viral comum: febre, dor de cabeça, fadiga, o que dificulta o reconhecimento da doença em tempo hábil.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde oferece o imunizante ACWY nas Unidades Básicas de Saúde para criança de 11 a 14 anos. Já os bebês recebem três doses da vacina meningocócica C: duas doses aos 3 e aos 6 meses de idade, e o reforço, aos 12 meses.
Agora, contudo, bebês de 12 meses também passarão a receber a vacina meningocócica ACWY como dose de reforço para a meningocócica C. Isso significa que, além do meningococo C, eles ficarão protegidos contra outros três sorotipos da bactéria (A, W e Y), o que prevenirá casos de meningite bacteriana e infecção generalizada no sangue, a meningococcemia.
Somente este ano, o Brasil já registrou 361 casos de meningite causada por meningococos, com 61 mortes.
"No Brasil, o sorogrupo que mais preocupa, além do C, é o W. A gente observou aumentos de incidência importantes, principalmente nos estados do Sul do país, recentemente. Então, essa mudança representa uma ampliação da proteção contra sorogrupos que são um risco, principalmente para as crianças", explica a diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Flávia Bravo.
Vale ressaltar que crianças que já receberam três doses da meningo C não precisam da dose de reforço com a ACWY no momento, mas aquelas não foram vacinadas aos 12 meses podem completar o esquema com a nova vacina antes de completar 5 anos.